domingo, 29 de setembro de 2013

Amore mio


Enquanto a multinacional de massas Barilla não sabe mais o que fazer para mostrar arrependimento pelas declarações desastradas de seu presidente contra os gays, a concorrente Bertolli aproveita para dizer ao mercado que promove a diversidade e que recebe de braços abertos todos os tipos de clientes, principalmente aqueles de estômago vazio. E para reforçar que não é apenas uma declaração de ocasião, a Bertolli relembrou este comercial simpatizante que já tinha veiculado em 2009:

sábado, 28 de setembro de 2013

Colapso

Ontem eu precisei ir a São Paulo para resolver um assunto que deveria ter sido rápido e que normalmente me permitiria estar de volta ao sossego da minha toca ainda no meio da tarde. Logo após almoçar tentei retornar à minha cidade mas acabei preso no meio do trânsito infernal da sexta-feira piorado por uma manifestação que havia fechado algumas ruas. Quando a gente passa horas parado em um trânsito completamente travado que move apenas alguns metros a cada hora fica mais fácil entender porquê algumas pessoas surtam e acabam tendo um dia de fúria. Uma viagem que normalmente duraria uma hora acaba se tornando uma odisseia de cinco horas infernais.

Este é só um dos aspectos que serve muito bem para ilustrar o que está acontecendo em geral com a infraestrutura desse nosso país. Usar aeroportos, rodovias, ruas, estacionamentos, estruturas públicas, não é mais possível sem que o simples ato se converta em uma aventura atroz e desumana. E a razão é muito simples: nossas infraestruturas entraram em colapso por falta de investimentos.

Para entender, basta imaginar um homem desenvolvido e grande de uns 30 anos tentando usar as roupas de quando tinha 10 anos de idade. Ou uma mulher como esta da foto, que conseguiu entrar em roupas que são, no mínimo, cinco números menores. Nossa infraestrutura pública está assim, praticamente parada e sem investimentos de grande porte há cerca de vinte anos. Nós não cabemos mais dentro dela.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sem medo de ser feliz

Sabe aquele momento quando você está sozinho em casa e coloca a música no último volume e sai rodopiando, dançando e dublando, só de cueca, na frente do espelho? Então... Se você não tem ideia do que estou falando então talvez você seja ainda um garotinho de 2 anos de idade - é só ter paciência que a sua hora vai chegar.

Tem também aquele momento no carro, com o trânsito parado, em que a música enleva e arrebata e a gente só se dá conta do arroubo quando percebe os ocupantes do carro ao lado olhando nervosos e tentando decifrar se a gente está precisando de ajuda. Ah, quem nunca?

Quem já passou por tudo isso vai se divertir bastante com este número apresentado ontem no programa do Jimmy Fallon em que o apresentador, o escritor/ator/diretor inglês Stephen Merchant, e o piteuzinho do Joseph Gordon-Levitt competem para ver quem melhor dubla um trecho de música. Cada um deles escolheu dois trechos de músicas bem conhecidas, e o resultado é simplesmente uma delícia.

sábado, 21 de setembro de 2013

Elysium


Elysium se passa no ano de 2.154 - curiosamente o mesmo ano da história de Avatar - e era para ser um manifesto socialista, uma crítica a como já vivemos atualmente. Mas não rolou. É só um filme de ação mesmo e, uma vez que se admita isso, é um filme de ação muito bom. A visão socialista não pega porque é maniqueísta demais. Os pobres são pobres, pobres, pobres de marré deci, vivem em lugares asquerosos de uma Terra superpopulada, e aparentemente não tomam banho. Os ricos são lindos e cheirosos e vivem na estação espacial Elysium, que mais parece uma colônia de férias, e não fazem nada além de tomar champagne e desfilar fazendo caras e bocas. A estação Elysium lembra o "Nosso Lar" do outro filme, só que as pessoas estão vivas e não usam aquelas batas cafonas dos espíritos, e a arquitetura é mais criativa.

Desde o início a gente já sabe exatamente quem é quem na fila do pão francês. Porém o filme teria funcionado melhor se tivessem dado razões para a gente odiar os ricos de Elysium e torcer pelos pobres da Terra. Mas não, a única coisa odiosa em Elysium é a ministra da defesa (Jodie Foster) que é cruel, malévola, tem planos de tomar o poder, e provavelmente roubaria o doce de uma criancinha sem sentir nenhuma culpa. Os brasileiros Wagner Moura e Alicia Braga estão estupendos e têm papéis de grande destaque ao lado de Matt Damon e Jodie Foster. É realmente animador ver Wagner Moura fazendo sua estreia em Hollywood tão bem.

O personagem de Matt Damon tem apenas 5 dias para achar um jeito de se infiltrar em Elysium para se curar de uma exposição acidental à radiação e para isso vai precisar da ajuda do personagem de Wagner Moura, um rebelde que vive de enviar pessoas doentes para se curarem nas maravilhosas máquinas de Elysium que removem em segundos qualquer doença do corpo. Aqui caberia a analogia atual de mexicanos tentando cruzar a fronteira americana para melhorar de vida, ou a lembrança de qualquer outro regime segregacionista do planeta, mas não deixe que este papo cabeça tire o prazer de se ver um ótimo filme de ação.

Quero dançar com alguém... alguém que me ame

Five Dances chega em menos de um mês.




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Clintinho

Duas palavras: Scott Eastwood. Ele tem a genética a seu favor: é filho de Clint Eastwood que ainda bate um bolão aos 83 anos de idade e foi um pedaço de mau caminho na juventude. Scott já apareceu em alguns filmes e estrelou algumas campanhas publicitárias. Ultimamente tem publicado fotos desinibidas pelo Instagram e deixado o mundo um pouquinho mais interessante...






Muito prazer


Se a vida pode ser muito difícil para um homossexual, imagine então para um transexual - a pessoa que nasceu no corpo errado do sexo oposto. A última edição da revista Viver Brasil traz uma reportagem muito interessante sobre os dramas vividos principalmente pelos homens trans, aqueles homens cujo sexo biológico indicado na certidão de nascimento é "feminino". É uma pena que ele, na capa, seja transexual mas não seja homossexual - porque eu pegava facinho...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Orgulho

Esta semana nos Estados Unidos, John Banvard, de 95 anos, e Gerard Nadeau, de 67 anos, oficializaram o casamento depois de viverem mais de 20 anos juntos. O casamento foi realizado na própria instituição para ex-combatentes onde os dois residem.

Há cerca de 3 meses, Daniel Baer (de calça escura na foto) foi nomeado pelo presidente Obama para a posição de Embaixador da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa. Daniel é o quarto embaixador americano assumidamente gay, e esta semana aproveitou para divulgar um vídeo onde fala do trabalho como embaixador e apresenta o marido Bryan.

Estes são apenas dois pequenos exemplos em uma única semana de como a comunidade LGBT americana se imbuiu do espírito do orgulho de ser gay para mudar uma sociedade acostumada a séculos de preconceito. Só a visibilidade consegue exterminar a estranheza e criar a sensação de familiaridade. A sociedade precisa se acostumar com a nova realidade, e isso só será possível se conviver muito com ela.

As conquistas da comunidade LGBT não significam o fim da homofobia, da mesma forma que a abolição da escravatura não acabou com o racismo. Mas é preciso conviver com a novidade justamente para que ela deixe de ser novidade e vire lugar comum. Só assim a homofobia tenderá a desaparecer. No Brasil ainda são raros os casos como o de Daniela Mercury, que faz declarações de amor e beija em público, mas logo virão outros. E outros. E muitos outros...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A lenda


Adoro o John Legend e estou gostando muito do álbum Love in the Future que ele lançou há duas semanas. Ele não é exatamente o meu tipo, mas eu não o mandaria embora se o encontrasse dando sopa na minha cama. Adorei este esquete que ele fez para a turma do Funny or Die tirando um sarro das celebridades que não perdem uma oportunidade para sensualizar. Nana Gouvêa vai morrer de inveja.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Bookmarks

Parece que todos os meus cantores favoritos resolveram fazer novos lançamentos na mesma temporada. Nada a reclamar, é claro, mas está difícil arrumar tempo para curtir este monte de gostosuras que culminou hoje com dois lançamentos simultâneos: Jack Johnson e Five For Fighting (nome artístico do John Ondrasik).

Isso depois de lançamentos recentes do Gregory Alan Isakov (que lançou The Weatherman há pouco mais de um mês, depois de quase quatro anos desde o lançamento de This Empty Northern Hemisphere), Joshua Radin (que lançou Wax Wings em maio), John Legend (com Love in the Future lançado há duas semanas), Andrew Belle (com o ótimo Black Bear lançado também há apenas duas semanas), e Brendan James (com Simplify, lançado mês passado).

Difícil dizer o que está melhor quando se está falando dos cantores favoritos - aqueles de quem a gente compra um disco sem precisar ouvir antes porque sabe que vai amar tudo. Neste momento eu estou passando Bookmarks, do Five For Fighting -  lançado hoje depois de quase quatro anos de Slice, que é de 2009. Ainda me assombro com os falsetos do John Ondrasik.



sábado, 14 de setembro de 2013

Sensações infringentes


De repente até a minha faxineira está falando de embargos infringentes com a naturalidade de quem passa uma receita de pão de queijo. O ministro Celso de Mello profere na próxima semana o voto de desempate sobre a aceitação ou não dos embargos no que talvez seja um dos momentos mais emblemáticos da nossa suprema corte.

É claro que o assunto "mensalão" sempre desperta sentimentos apaixonados, mas a decisão do ministro deveria se basear apenas em fundamentos técnicos independente das opiniões políticas ou julgamentos morais que cada um de nós faz o tempo todo. Porém, o simples fato de ter havido um empate é a melhor evidência que não existe consenso jurídico sobre a realidade técnica e fatual de se aceitar os tais embargos.

Mas o que mais me irrita nesta história toda é a argumentação de que a aceitação é necessária para que aos réus seja assegurado o direito de ampla defesa - afinal, por estarem sendo julgados na corte mais alta eles não teriam direito a recorrer. Balela! Pouquíssimos são os mortais brasileiros que têm direito à prerrogativa do foro privilegiado que assegura julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. A possibilidade de ser julgado pela banca - pelo menos em teoria - dos melhores e mais bem gabaritados juízes do país e de ter um julgamento aberto em rede nacional já é muito melhor garantia de justiça que eu e você teríamos. Nossos políticos se tornaram uma casta mimada de privilégios que se desacostumou a perder, pois há muito vivem de sempre comprar a vitória com o dinheiro do povo, independente do custo.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Starfucks

A chegada simultânea de duas lojas Starbucks (ou Starfucks, como prefere chamar o meu amigo Eduardo) em uma cidade do porte de São José dos Campos é notícia - principalmente para quem curte café como eu. As lojas são sempre bonitas, garantia de lugar agradável com gente descolada circulando, mas os americanos não poderiam ter estragado mais o prazer de tomar café com a inabalável eficiência padronizada ianque.

Esqueça o chegar cansado e cheio de pacotes e se jogar numa cadeira confortável enquanto o garçom vem tirar o seu pedido. Tudo é pedido no caixa, e se você decide tomar um copo d'água depois do café tem que se levantar e enfrentar a fila do caixa novamente e provavelmente perder o seu lugar. Os pedidos são identificados pelos nomes dos clientes - uma complicação adicional num país cheio de Cleidersons e Clorisvaldos. Eu, que nem tenho um nome complicado e nem problemas de dicção, tive que ficar circulando com um copo marcado "Gusmão" - que foi o que o pobre caixa conseguiu entender na hora do meu pedido.

Mas o mais irritante talvez seja uma certa forçação de barra para fazer tudo parecer informal e descontraído. O brasileiro já é o rei da descontração e informalidade, não precisava importar técnicas de fora. Os funcionários são todos muito simpáticos e cheios de gracinhas, mas tudo tão natural quanto uma rosa de plástico. Dei um sorriso amarelo em reconhecimento pelo esforço. E porque o atendente era bonitinho. E porque todos os atendentes eram homens. (Sem qualquer conotação sexual, você já experimentou entrar em um café onde todas as atendentes são mulheres e ficam conversando entre si em voz alta enquanto o cliente implora por serviço?)

Claro que eu vou voltar lá muitas vezes. O brownie é simplesmente divino. E as Starbucks são sempre famosas pelo wi-fi rápido (embora, ironicamente, o wi-fi não estivesse funcionando no dia em que estive lá). Já falei que todos os atendentes são homens?

sábado, 7 de setembro de 2013

Flores Raras


Gostei de Flores Raras muito mais do que pensei que gostaria. O trailer havia me dado a impressão que o inglês de Glória Pires seria aflitivo (o filme é todo falado em inglês), mas não, Glória se sai muito bem interpretando em inglês. 

A grande poeta americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) viaja ao Brasil e se hospeda com a amiga Mary (Tracy Middendorf), americana que vivia no Brasil e tinha um relacionamento com a paisagista autodidata Lota de Macedo Soares (Glória Pires). Em pouco tempo Elizabeth Bishop e Lota se apaixonam e começam a viver um romance que dura quase vinte anos, pontuado pelos altos e baixos do temperamento forte de Lota, o alcoolismo de Elizabeth e o ciúme de Mary. Neste tempo Lota fez o projeto e a execução do Parque do Flamengo a pedido do governador do Rio Carlos Lacerda (Marcelo Airoldi) e Elizabeth Bishop escreveu uma de suas obras mais conhecidas e que lhe valeu o prêmio Pulitzer em 1956.

O visual é incrivelmente lindo e bem cuidado, a começar pelo guarda-roupa dos anos 1950, o incrível Jaguar branco conversível de Lota (que era mesmo muito rica, filha de família tradicional, sendo, inclusive, nascida em Paris), e a casa magnífica que serve de cenário para o sítio Samambaia em Petrópolis onde se passa grande parte da história. A casa utilizada é quase um personagem por si só, e é na realidade uma obra de Oscar Niemeyer situada em Pedra do Rio, com jardins projetados por Burle Marx, e que já tinha causado furor ao aparecer na minissérie Queridos Amigos exibida pela Globo em 2008, tendo sido objeto de inúmeras reportagens na época.

Flores Raras é a história de três mulheres audaciosas que viviam à frente de seu tempo, contada de forma sensível com visual caprichado.

Estive Grande (2)

E o Steve Grand apresentou ontem o vídeo da sua nova música. Stay não é tão gostosinha de ouvir quanto All American Boy, mas o vídeo tem cenas tão gostosas de paquera e namoro que são capazes de fazer a temperatura subir a níveis bem mais confortáveis nestes dias de final de inverno.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Salvação


Você, que tenta a todo custo preservar seus valores cristãos, certamente já está cansado de recorrer a serviços como o Grindr ou ir a saunas fétidas atrás do parceiro ideal. Satanás é esperto e não perde uma oportunidade para tentar levá-lo para o mau caminho.

Mas, para você que quer fugir do Coisa Ruim e encontrar o verdadeiro caminho da salvação, chegou Christian Mingle, a rede social para você encontrar um parceiro ungido. Aleluia, irmão!


Se liga

O vídeo abaixo, sobre o vício das pessoas por smartphones foi postado há pouco mais de duas semanas e já tem quase 20 milhões de visualizações. No facebook não são poucas as campanhas pregando mais conversas e menos wi-fi.

Pois eu acho tudo isso uma grande bobagem das pessoas que não conseguem acompanhar os novos tempos. O mundo está mudando depressa e normalmente reclama quem tem dificuldade de usar as novas tecnologias a seu favor. Eu acho simplesmente fantástico ter ao alcance das mãos um computador com acesso a e-mails, vídeos, mensagens, fotos, músicas, e tudo mais que a Internet proporciona, e poder sacá-lo e usá-lo toda vez que o ambiente ao redor permitir. É este o novo mundo em que vivemos, e a tendência não vai retroceder. Adapt or die.

Há séculos atrás, quando os livros começaram a se popularizar, muita gente era considerada louca por passar muito tempo com a cabeça enterrada em um livro. Hoje em dia ninguém pensa em criticar quem lê muito. Mas as fontes de informação mudaram, e hoje em dia não vêm mais primariamente de livros e revistas, mas do aparelhinho que todo mundo carrega no bolso.

Muita gente reclama da falta de atenção ao sair com uma companhia que não para de acessar o computadorzinho de bolso (chamar de celular ou smartphone é outro erro, pois funcionar como telefone é apenas um dos recursos do dispositivo e talvez nem seja o mais usado). A concorrência realmente ficou muito acirrada, e se seu companheiro prefere a tela do computador, talvez você esteja precisando se tornar mais interessante. Competir com todo o acervo de informação/entretenimento que o companheiro tem ao alcance das mãos não vai ser fácil se o seu papo for chato e enfadonho. 

É claro que sempre vai haver momentos especiais de colocar toda a tecnologia de lado por alguns instantes, da mesma forma que muitas vezes desligamos a eletricidade para um jantar à luz de velas. Mas não existe mais muita paciência para frequentes contemplações prolongadas. As pessoas de hoje consomem informação rápida, fragmentada, de forma desordenada e constante. E eu não vejo nada de errado nisso.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Natural

A boa notícia desta semana vem da Austrália, onde o candidato à re-eleição como primeiro ministro Kevin Rudd fez uma defesa muito digna, embasada e segura do casamento igualitário durante um debate em rede de televisão. Um dos participantes, que se identificou como pastor e representante de uma rádio cristã e que apresentou os surrados argumentos religiosos sobre a homossexualidade não ser natural e ser condenada pela bíblia, foi contra-argumentado por Kevin Rudd de forma tão segura, direta e apropriada que fez o pastor praticamente perder o rumo. Kevin Rudd foi bastante aplaudido.

É inspirador quando um político importante e heterossexual defende o casamento igualitário com tanta convicção. É um sonho ainda distante para nós brasileiros, que temos na maioria de nossos políticos o interesse único pelo voto e pela manutenção do mandato. Muitos de nossos políticos importantes até têm visões liberais da sociedade, mas vivem pisando em ovos com muito medo de melindrar evangélicos ou a igreja, e com isso mantêm em público opiniões que seriam mais apropriadas na Idade Média.