segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Judges do it. Actors do it. Teachers do it. Farmers do it.

Oliver Callan
Convocar a imprensa ou organizar um jantar de família para sair do armário é tão ano passado! A onda agora é soltar a frase assim no meio de uma conversa ou uma entrevista, como a coisa mais natural do mundo que é, usando daquela coisa que em inglês a gente chama pelo nome chique de nonchalance (algo como 'não estar nem aí').

Foi assim que Zachary Quinto fez no meio de uma entrevista. Logo foi seguido pelo repórter americano Dan Kloeffler, que saiu do armário no ar no próprio programa de TV. Na semana passada foi o Marco Nanini que mencionou en passant o que já havia dito para a revista Playboy no começo do ano passado: que tem namorados casuais.

Agora foi a vez do comediante irlandês Oliver Callan. Oliver costuma imitar gays em seu programa e estava sendo acusado de ser homofóbico por alguns jornais. Em entrevista ontem, ao ser questionado se era realmente homofóbico, Oliver vira e diz: "Vamos esclarecer as coisas. Eu não sou homofóbico. EU SOU GAY!" E continua com um discurso inspirado que arranca aplausos da plateia.

Ficam então algumas sugestões para quem está pensando em sair do armário. Quando o chefe perguntar sobre a segunda via daquele contrato, vire-se calmamente e diga "já está sobre sua mesa, e eu sou gay". Quando o garçom perguntar se você prefere açúcar ou adoçante no seu café, diga "normalmente prefiro adoçante, mas como sou gay hoje vou usar açúcar". Quando o telefone tocar e perguntarem quem está falando, diga "aqui é Fulano, o gay".  Simples assim.


Raindrops on roses and whiskers on kittens

A gente sabe que o Natal está chegando quando começam a aparecer os discos natalinos. Felizmente o repertório destes discos ficou mais eclético nos últimos anos para ir mais além dos arranjos de Jingle Bells e Noite Feliz trabalhados no cafona com sininhos e corais.

Para quem curte o gênero, o mercado oferece várias opções. Há o charme de Michael Bublé (Christmas), a voz gostosa da dupla She & Him (A Very She & Him Christmas) e até Justin Bieber (Under The Mistletoe).

Mas a boa surpresa vem de Carole King, que tem música de Natal até no nome . Seu nome de batismo é Carol Kleincarol em inglês significa um cântico alegre principalmente de Natal. Foi para ela que Neil Sedaka, de quem foi colega de classe e namorada, fez a famosa música Oh, Carol!. Mas isto é história para outro momento.

Carole King nunca tinha feito um disco de Natal e queria algo diferente.  Contou com a produção da própria filha, Louise Goffin, para fazer um disco de Natal que não fugisse de seu estilo e que falasse mais de alegria do que de religião. Para isto, escolheu músicas alegres como My Favorite Things (da trilha de A Noviça Rebelde, que não é música natalina mas fala de coisas que evocam o espírito da época, como as gotas de chuva nas rosas e os bigodes dos filhotinhos de gatos), e incluiu algumas composições feitas especialmente para o álbum (como Christmas Paradise, para suprir a lacuna de uma 'música latina', e New Year's Day).

A Holiday Carole é um disco gostoso, para ser ouvido em qualquer época do ano. Clique aqui para acessar um vídeo de 6 minutos com Carole King apresentando as músicas do novo álbum e apaixone-se. Já está oficialmente eleita trilha sonora de final de ano aqui em casa.

Carole King - New Year's Day:

domingo, 30 de outubro de 2011

Contágio


Se eu não soubesse que Contágio (Contagion, 2011) foi dirigido pelo excelente Steven Soderbergh, eu diria que o filme tinha sido dirigido por um médico. A história de um vírus mortal extremamente contagioso que se espalha rapidamente no mundo moderno altamente integrado é muito boa. Poderia ter gerado um excelente drama, um filme de terror, ou um suspense daqueles de roer as unhas. Melhor seria se o resultado tivesse mesclado todas estas possibilidades. Em  vez disto, Steven Soderbergh optou por fazer um filme frio e científico.

Como resultado, tudo no filme parece ter ficado muito contido - inclusive as interpretações. Eu me senti como um paciente na mesa de operações com a barriga aberta e as entranhas para fora percebendo que o caso é gravíssimo enquanto o médico repete em tom calmo e controlado que tudo vai ficar bem.

Gwyneth Paltrow, Kate Winslet, Jude Law, Marion Cotillard, Laurence Fishburne, Jennifer Ehle e Matt Damon representam diferentes pontas da história da tentativa de contenção da ameaça em nível mundial. São personagens separados que quase não interagem entre si no grande quebra-cabeças que vai sendo montado para se entender o real inimigo contra o qual se está lutando.

A história é assustadora, principalmente considerando-se que é uma possibilidade muito real. Um vírus novo e letal mataria milhões de pessoas e poderia dizimar toda a população do planeta antes de perceber que está destruindo o próprio hospedeiro do qual depende para se multiplicar. Mas eu acho que a história teria ficado mais interessante se tivesse sido dirigida com um olhar mais humano e menos clínico.

sábado, 29 de outubro de 2011

Muito prazer

Clique aqui para assistir ao teaser de Hustling, nova série da blip.tv apresentada na internet. Conheça em 3 minutos o personagem principal Ryan Crosby - que também atende por Rod Driver . Um quarentão magia que vive da profissão mais antiga do mundo.

Você vai ficar 3 minutos sem conseguir piscar. E depois vai ficar 3 dias sem conseguir dormir.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pan com ovo

Jed Hooper
Quase ninguém percebeu, mas os Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, no México, estão praticamente no fim. Com a Globo impedida de mostrar imagens - que são exclusividade da Record - os jogos nem parecem que estão acontecendo. Fico imaginando o que deve acontecer com as Olimpíadas, que também serão transmitidas exclusivamente pela emissora dos pastores.

Uma pena que pouca gente tenha assistido a alguma apresentação do Brasil em patinação artística, judô feminino ou futebol feminino. Uma pena mesmo, porque qualquer uma destas apresentações dá a certeza inabalada que o número de homens e mulheres gays nos esportes é muito, mas muito maior do que qualquer associação esportiva quer fazer crer. Palavra de uma vaca preta que conhece outra de longe.

Gareth Thomas
No mundo dos esportes em nível mundial é no rugby que curiosamente parece estar acontecendo a maior revolução sexual. Esta semana foi o jogador britânico Jed Hooper, de 22 anos, que saiu oficialmente do armário. Jed Hooper se junta ao gostosão Gareth Thomas, jogador de rugby que se assumiu já há alguns anos e que anunciou sua aposentadoria nesta mesma semana.

Seria sintomático que justamente os praticantes de um esporte que parece tão violento tenham mais coragem de se assumir?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Even better than the real thing

Eu acho legal esta ideia de homenagear um lançamento extraordinário do passado recriando a obra, faixa a faixa, com outros cantores que dão sua interpretação pessoal para as músicas que os influenciaram. O primeiro álbum homenagem que eu comprei foi Tapestry Revisited, de 1995, tributo ao excelente Tapestry, originalmente lançado por Carole King em 1972.  Tapestry é uma obra de arte da primeira à última faixa e dali saíram You've Got A Friend, It's Too Late, I Feel The Earth Move, Will You Love Me Tomorrow, e outras 8 músicas que se tornaram sucessos inesquecíveis. Tapestry Revisited reuniu Rod Stewart, Bee Gees, Celine Dion e outros cantores reproduzindo a mesma seleção do original, na mesma ordem, e foi gravado em um disco dourado que vinha acondicionado em um pequeno estojo com um livreto reunindo fotos e letras. Um verdadeiro mimo. Embora o original seja incomparável, guardo os dois com igual carinho.

Vários outros álbuns homenagem foram lançados ao longo dos anos, alguns mais por razões comerciais do que por merecimento. E nesta semana chegou (Ahk-toong Bay-bi) Covered. O título horrível é uma corruptela de Achtung Baby, álbum de 1991 do U2.

Eu não sou grande fã do U2; gosto de algumas coisas, mas não de tudo. Acho que não aguentaria ouvir um disco inteiro deles. Mas gostei do disco homenagem o suficiente para querer ouvir novamente e relembrar as versões originais. O tributo vem nas vozes de Damien Rice (com uma versão de One em seu costumeiro tom mórbido), Patti Smith, The Fray, Depeche Mode e outros. O disco não está sendo vendido, mas entregue como brinde especial de comemoração aos 25 anos da revista inglesa Q. Como o disco não é vendido comercialmente e certamente nunca chegará por aqui, os fãs podem matar a curiosidade baixando daqui. Como uma das faixas mesmo diz, algumas coisas podem ser even better than the real thing.

A bruxa má

Eu tenho dormido mal nos últimos dias, com medo da Ana Beatriz Nogueira. A novela das 6, A Vida da Gente, é surpreendentemente boa. E Ana Beatriz Nogueira é surpreendentemente má.

A atriz está arrebentando no talento com que desempenha a personagem. Eva não é daquelas vilãs caricatas que envenenam desafetos ou empurram pessoas escada abaixo. Ela é real. Tão real que dá muito medo. Ela podia ser uma tia da gente, uma amiga, a mulher do vizinho.


Esta cena é uma amostra do que ela foi capaz de fazer com a própria filha que acabou de sofrer um acidente seriíssimo. Muito medo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cheiro de mofo

Ives Gandra Martins
O pensamento do dr. Ives Gandra Martins sempre foi referência em matéria de legislação no Brasil. Professor emérito da Universidade Mackenzie e dono de um currículo invejável, o jurista tem sido figurinha fácil em todo debate que envolve legislação. Mas parece que o pensamento do ilustre dr. Gandra começa a ficar datado.

Em relação ao casamento de cônjuges do mesmo sexo aprovado ontem pelo STJ, o dr. Gandra diz: "Os pares gays têm todos os direitos, mas o que eles não são é família. Segundo a Constituição, não são porque não podem gerar prole. Qualquer que seja a decisão do STF ou do STJ, do ponto de vista doutrinário não são família." ... "A família é a base da sociedade. Se todo mundo for gay acabam o Estado e a sociedade." ... "A família, que cria valores e é o primeiro berço do cidadão, só pode ser heterossexual. Não tenho preconceito, reconheço que têm todos os direitos, só não são família."

Luís Felipe Salomão
Segundo o entendimento do dr. Ives Gandra Martins, casais heterossexuais que não podem ou não querem ter filhos também não são famílias.

Esta opinião contrasta frontalmente com a visão do ministro Luís Felipe Salomão da 4ª Turma do STJ, que foi o relator do processo decidido ontem confirmando o casamento civil para um casal de lésbicas do Rio Grande do Sul. Segundo o ministro Luís Felipe Salomão: "Não existe um único argumento jurídico contrário à união entre casais do mesmo sexo. Trata-se unicamente de restrições ideológicas e discriminatórias, o que não mais se admite no moderno Estado de direito".

O que é importante destacar na opinião do ministro Salomão é a palavra moderno quando ele se refere ao moderno Estado de direito. Ele reconhece que a sociedade evolui e muda. E realmente mudou. Os pensamentos do dr. Ives Gandra Martins, como as ideias daquele partido do peixe podre, começam a exalar cheiro de mofo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Lenka

Em homenagem ao Joe (Wando), que está caçando cangurus lá do outro lado do mundo, vale a pena dar uma olhada nesta australiana linda e talentosa. Filha de um imigrante checo, Lenka começou carreira como atriz e fez teatro, algumas novelas, dois filmes, até se decidir que queria mesmo ser cantora. Sorte nossa.

Lenka (diminutivo de Elena) já tem dois discos lançados (Lenka, de 2008, e Two, lançado em abril deste ano) e é quase impossível escolher uma única música destes dois discos que não seja uma delícia de ouvir e que não tenha o toque mágico desta voz deliciosa.

Lenka mora atualmente na California e há três semanas anunciou, com muita alegria, que está grávida. Logo após o lançamento de Two ela apresentou esta irresistível versão de Deep Blue, regravação da música do Arcade Fire.


Lenka - Deep Blue:

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O outro lado de James Franco



James Franco estampou sua cara na capa de praticamente todas as revistas possíveis e imagináveis no ano passado. Agora resolveu mostrar seu "outro lado" na capa da revista Flaunt. Estou gostando de todos os lados deste garoto.

Steve Jobs by Walter Isaacson

Está sendo lançada hoje a biografia autorizada de Steve Jobs escrita por Walter Isaacson. O fascínio produzido pela figura do empresário e do homem Steve Jobs ainda vai demorar muito para arrefecer.

Detalhes curiosos começam a emergir em vários artigos assinados por leitores ávidos que mal podiam esperar pelo lançamento. Como por exemplo o fato de que Steve Jobs fedia suor. Ou sua arrogância, a ponto de se convencer que os problemas de recepção na antena do iPhone 4 eram um complô orquestrado pelo Google e pela Motorolla. Ou até a menção do primeira contato que Steve Jobs teve com um homem gay.

Este livro certamente vai vender mais do que coca-cola nos próximos meses.

domingo, 23 de outubro de 2011

The book is on the table

Há um mês entrei no cinema sem prestar muita atenção e só no início do filme me dei conta que era dublado para o português. Hoje, ao tentar comprar ingressos para um outro filme, descobri que só estava disponível em sessão dublada.

As dublagens brasileiras são um trabalho profissional extremamente bem feito. Mas é inquestionável que a dublagem inevitavelmente destrói um lado cultural do filme. Eu até aceito assistir animações dubladas, onde a perda é bem menor, mas em filmes convencionais a perda é, para mim, inaceitável. Filme chinês tem que ser falado em chinês, filme francês tem que ser falado em francês, filme americano tem que ser falado em inglês.

Eu sou de um tempo onde os filmes de cinema eram sempre mostrados no idioma original e dublagem era coisa de televisão. Infelizmente este tempo está acabando. As distribuidoras creditam a nova tendência à ascensão da classe C. Pelo que pude entender, esta "classe C" não gosta ou não sabe ler legendas.

Que classes sociais menos privilegiadas tenham acesso a novas formas de cultura é excelente. Pena é que estas formas de cultura tenham que ser deturpadas para poder ser aproveitadas por estas classes sociais. O problema, é claro, é bem mais profundo. É que eu também sou de um tempo em que as pessoas aprendiam a ler nas escolas.

sábado, 22 de outubro de 2011

Andando sobre as águas


Já há algum tempo que eu queria muito assistir ao filme Andando Sobre As Águas (Walk On Water, 2004), do diretor israelense Eytan Fox, realizado entre Delicada Relação (Yossi & Jagger), que é de 2002, e A Bolha (The Bubble), que é de 2006. Fiquei surpreso de encontrar o DVD dando sopa na minha locadora de vídeo ontem - nem sabia que havia sido lançado no Brasil. Acabou virando o programa ideal para o pós-pizza com amigos da noite de sexta-feira.

Eyal (o gatíssimo Elior Ashkenazi) é um agente assassino do Mossad, frio e insensível, cuja esposa acaba de cometer suicídio. Eyal recebe a missão de descobrir o paradeiro de um oficial nazista alemão e para isto se passa de agente turístico para acompanhar os dois netos do nazista, o garotão Axel e sua irmã Pia, que estão em Israel. A convivência e o desenvolvimento da amizade entre o trio, principalmente com Axel - que é gay, acaba mudando Eyal radicalmente.

É marca registrada do diretor Eytan Fox mostrar outros lados menos explorados de relações que normalmente nos são apresentadas nos telejornais de forma maniqueísta e simplificada. Em Delicada Relação o diretor explora o relacionamento homossexual entre dois soldados israelenses na linha de frente, e em A Bolha mostra o amor inesperado entre um israelense e um palestino. O espectro de relações exploradas em Andando Sobre As Águas é mais amplo, e toca em homofobia, nazismo e questão palestina (o ator Yousef 'Joe' Sweid, que fez o palestino de A Bolha, reaparece aqui como Rafik, um palestino que vira programa de uma noite de Axel depois de um encontro em uma boate). A cena de um ataque homofóbico no metrô de Berlim é particularmente tocante, principalmente pelo desfecho inesperado.

Gostei muito e recomendo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Hora de dizer o "sim"

De nada adiantou a campanha do pastor Silas Malafaia. Embora a votação ontem no Superior Tribunal de Justiça tenha sido interrompida quando o quinto ministro pediu vista do processo, os quatro ministros que votaram antes não somente foram unânimes em confirmar o casamento civil entre cônjuges do mesmo sexo como o fizeram com expressões muito significativas.

"As famílias constituídas por pares homoafetivos detêm os mesmos princípios daquelas constituídas por casais heteroafetivos, que são a dignidade das pessoas e o afeto". Este é um trecho do voto do ministro Luis Felipe Salomão, relator do processo. A íntegra do voto pode ser lida aqui e a notícia está no site do STJ.

Embora a questão só deva ser retomada no ano que vem, a aprovação é dada como certa. Esta decisão difere da histórica decisão do Supremo Tribunal Federal de maio passado que igualou as uniões estáveis homoafetivas às uniões estáveis heteroafetivas. O assunto agora é casamento civil, com alteração de estado civil, opção de mudança de nome, e a aquisição de todos os direitos e deveres que o Código Civil Brasileiro garante, sem necessidade de nenhum processo jurídico (como foram impetrados por alguns casais que lograram casar por intervenção de juízes).

Com poucas palavras o STJ mandou ao lixo a fórmula do partido do peixe podre. E fica a dúvida: o Malafaia, será que agora vai finalmente perceber que nem o deus que ele inventou está ouvindo as suas preces?

Não acabou a homofobia no Brasil. Esta é mais uma batalha de uma luta complexa, mas que está sendo ganha dia após dia.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

No novo tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos...

O mundo está começando a decidir que cansou de esperar. É hora de cada um sair e fazer o que tem que ser feito porque as pessoas que receberam mandatos para isto não estão dando conta ou se acomodaram no poder.

Kadafi foi exterminado, e já não era sem tempo. A presidente Dilma disse que não se deve comemorar a morte de um líder, mas é claro que estas são só palavras diplomáticas de quem ocupa um cargo oficial. Há muito que comemorar sim. O mundo está caminhando para uma nova ordem estabelecida pelas próprias mãos de uma população que simplesmente cansou de esperar sentada.

Ninguém sabe no quê vai dar os movimentos Occupy Wall Street e Chega de Corrupção, nem se vai dar em algo. Mas tudo isto está tocando as pessoas de uma forma muito especial.


E agora a capa da revista Trip. Além de todas as considerações sociais, filosóficas, psicológicas, morais e religiosas que se podem tecer sobre a capa, eu só fico pensando em uma coisa: que foto mais linda!! Tão linda que vale a pena repetí-la aqui sem os letreiros para quem quiser guardar de lembrança. Porque este não é mais o futuro, é o presente!

Eu sou de um tempo em que o máximo que existia de exposição gráfica homoerótica em material de acesso público eram as fotos de homens de cueca nas caixas das cuecas Zorba. E agora chegamos a um ponto que, se algum pastor evangélico aparecer hoje na TV reclamando da foto a gente pode gritar bem alto: não gostou, não compra! Ou melhor: enfia no fiofó! Porque enquanto você dormia o mundo mudou, bebê.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Barato viajante


No próxima quarta-feira, dia 26, numa banca perto de você, a revista TRIP em edição especial sobre a diversidade sexual. O casal que ilustra a capa da publicação é formado pelo DJ e empresário carioca Sérgio Cardoso, mais conhecido como DJ Slam, proprietário da agência Soul DJs, de Florianópolis. Na foto, ele aparece dando um beijo em seu companheiro e sócio Bruno Araújo, com quem vive junto há 2 anos (segundo esta fonte).

Será que morri e já acordei em um mundo melhor?

Os três mosqueteiros

Eu normalmente não gosto de filme em 3D. Acho que tira a impressão de realidade do filme em vez de aumentá-la. Acho os óculos cansativos, me dão a impressão que estou assistindo ao filme através de um tubo. Sem contar que é normalmente só uma desculpa para o diretor inventar cenas ridículas em que alguma coisa voa da tela.

Os Três Mosqueteiros é o primeiro filme em que realmente gostei do 3D. O efeito tridimensional é usado de forma inteligente para estimular a ilusão espacial principalmente nas cenas dos luxuosos interiores dos palácios franceses e nas coreografias dos duelos de espadas. Na apresentação dos créditos iniciais, com a câmera sobrevoando um mapa animado da Europa e traspassando os letreiros, a gente já percebe que o uso do 3D evoluiu.

O filme é pura diversão juvenil elevada à máxima potência. É divertimento descompromissado com apuro técnico nos mínimos detalhes. Figurinos e cenários deslumbrantes e efeitos especiais de primeira linha. O que eles aprontam com a Torre de Londres, a catedral de Notre Dame e o palácio de Versalhes é inimaginável, mas mostrado com muito realismo.

Além de toda esta diversão, o filme tem bons atores, como Christoph Waltz, talvez um dos melhores atores da atualidade (morro de medo dele desde Bastardos Inglórios), que faz o cínico, malvado, vingativo e poderoso Cardeal Richelieu. E tem Milla Jovovich e Orlando Bloom.

Mas quem rouba as cenas é mesmo o trio de mosqueteiros formado por atores de meia-idade sedutores e cheios de charme como Ray Stevenson (o bonitão da foto grande lá em cima), este irlandês de 47 anos de idade com um sorriso de desarmar qualquer inimigo, que interpreta o Porthos. Que seja um por todos e todos por mim.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Inspiração


Zachary Quinto já está inspirando outros com seu gesto. Hoje foi o repórter Dan Kloeffler, da rede americana ABC, que se assumiu gay publicamente e no ar.

Ao dar a notícia sobre Zachary QuintoDan Kloeffler emendou um recado sutil dizendo que pelo Zachary Quinto ele abriria mão da regra de não namorar atores. Ah, eu também.

Não existem dois lados em direitos humanos

Quando eu falo aqui sobre a visão religiosa da homossexualidade eu invariavelmente recebo comentários sobre a importância de não tratar o assunto com intolerância, sobre como é importante ouvir todas as "opiniões", mesmo as contrárias. E isto me deixa possesso!

Opinião é gostar mais de torta de chocolate do que de torta de morango. Opinião é achar que rock é melhor que jazz. É preferir o azul ao verde. É achar que a Anne Hathaway é mais bonita que a Julia Roberts, achar que o horário de verão é horrível, preferir ir pra cama mais cedo na sexta-feira do que se acabar na balada. Isto é liberdade de opinião, direito de preferência, exercício da liberdade de expressão.

Mas isto não significa que eu posso sair por aí dizendo que as mulheres têm que apanhar para obedecer. Ou que os negros são inferiores e devem ser escravizados. Ou que a vida dos ricos vale mais que a dos pobres. Ou que os homossexuais são aberrações que não merecem os mesmos direitos dos heterossexuais. Isto não são opiniões; são desvios de caráter, são alterações torpes da índole e do temperamento humanos.

A maioria das igrejas, alguns partidos políticos, e parte da população sofrem deste desvio de caráter. Eu respeito opiniões, mas contra desvios de caráter eu não tenho tolerância ou complacência. Minha ira contra uma igreja que me considera uma aberração é imensa e intensa.

Um debate na televisão entre defensores dos negros e defensores da escravidão é impensável. Então por que alguns canais insistem em ficar fazendo debates do tipo "a favor" x "contra" os gays? Eles pensam que estão dando ouvidos aos dois lados, mas estão na verdade dando ibope a um grupo que sofre de um grave desvio de caráter. Não existem dois lados em direitos humanos.


domingo, 16 de outubro de 2011

Encarando Spock de frente

O ator Zachary Quinto sempre foi reticente em relação à sua sexualidade. Nunca confirmava nem desmentia nada - muito pelo contrário. Até que se assumiu publicamente esta semana, de forma bastante elegante e natural, no meio de uma entrevista à revista New York.

Ao falar sobre a aprovação do casamento no estado de Nova York e os recentes suicídios de adolescentes gays, Zachary completou com "Como gay eu posso olhar para tudo isto e dizer que existe uma desesperança que nos cerca, mas como ser humano eu olho para estas coisas e me pergunto 'Por que? De onde vem esta disparidade toda, e porque não podemos, como sociedade e cultura, ir mais fundo para analisar isto?' Nós morremos de medo de nos encarar de frente".

Família

Ernst Schuh, de 89 anos, e Frederick Marvin, de 91, casaram-se na última sexta-feira depois de 52 anos de convivência. Eles se conheceram em 1959 na Áustria, onde viveram por 15 anos antes de voltarem aos Estados Unidos. Agora eles moram em Syracuse, no estado de Nova York, e aproveitaram a legalização da igualdade no casamento para oficializar a relação.

Eles gozam de boa saúde e têm uma vida confortável. A repórter que escreveu a reportagem parece ter se encantado com estes dois senhores tão simpáticos, cheios de vida, e cheios de histórias interessantíssimas colecionadas ao longo deste meio século de convivência.

Agora alguém poderia me tentar explicar como o partido do peixe podre (adorei a expressão usada pelo Tony) e outras entidades políticas e religiosas incluindo a igreja católica não conseguem enxergar que Ernst e Frederick formam uma família. Para estas organizações, família é o casal Nardoni - capaz de jogar uma filha do 5º andar de um prédio, ou o casal que abandonou um filho com síndrome de Down no Rio esta semana. A pior cegueira é realmente a dos que não querem ver.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Bom humor é tudo

É só um comercial francês. Uma ideia super bem bolada. Emagrecer, como tudo na vida, não precisa ser uma coisa chata. Com motivação, determinação e bom humor a gente consegue quase tudo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

oɐʇsıɹɔ lɐıɔos opıʇɹɐd

Alguém mais prestou atenção na propaganda do PSC, partido social cristão, pouco antes do Jornal Nacional hoje? O partido lançou oficialmente a guerra contra a igualdade no casamento. A propaganda começa com "um homem + uma mulher + amor = família" para em seguida deixar claro que esta é a única conformação de família que eles reconhecem e pela qual vão lutar.

O reconhecimento da igualdade no casamento é assunto que vai polarizar grande parte das discussões nas próximas eleições. Os aliados e os inimigos vão ter que mostrar a cara, não vai ser mais possível ficar em cima do muro. Mal posso esperar.

Aproveite para deixar na página do PSC no facebook (aqui) a sua impressão sobre esta posição preconceituosa. Acho que você vai ficar surpreso de ver quanta gente já foi até lá para dizer o que pensa. ¡¡¡ɐpɹǝɯ ǝp opıʇɹɐd˙

Cordel imortal

Este é o Kellan Lutz em cena de Imortais, que tem lançamento previsto para 11-11-11, daqui um mês. Coincidentemente, o dia do meu aniversário. O trailer (aqui) do filme é de encher a tela.

Analisando bem, eu arriscaria dizer que o figurino lembra muito a criatividade de Cordel Encantado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Aparecida

Todo mundo deveria visitar Aparecida pelo menos uma vez na vida. É uma experiência surreal. Quase traumatizante.

Eu estive lá duas vezes com o objetivo de fotografar. Imaginei que fosse flagrar instantâneos inspirados que resultariam em belas fotos. No final das contas acabei fotografando pouco, justamente por falta de inspiração. Tudo naquele lugar é feito para deprimir e lembrar a dor, o sofrimento e a expiação. Todo mundo tem cara de muito pobre e que está sofrendo muito. A cidade é muito feia e muito triste. A arquitetura da basílica é pavorosa.

Vendedora de santinhos em Aparecida
No subsolo da basílica tem a sala dos milagres, onde as pessoas deixam lembranças que evocam as graças alcançadas em nome da santa. São centenas de pernas, braços, mãos e outras partes do corpo, moldadas em plástico, dependuradas balançando. Bilhetes, retratos antigos, muita flor de plástico, frascos de remédio vazios, muletas, bengalas... e o povo circulando entre aquilo com o olhar em transe perdido no espaço. Crianças vestidas de anjo correm para todos os lados.

Eu procuro respeitar as diferentes formas de fé, desde que não menosprezem a minha inteligência. No meu caso, uma visita a Aparecida serviu para reforçar a minha visão de exploração da fé pela religião. Eu imaginava que fosse encontrar algo mais parecido com a visão religiosa do céu, mas o que eu vi me lembrou muito mais a descrição do inferno. A fé das pessoas que frequentam aquele lugar dá a elas uma visão totalmente diferente da minha, obviamente.

Sair de baixo da bolha que determina a nossa zona de conforto pode ser uma experiência muito proveitosa para entender melhor o nosso redor.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chris Isaak - Beyond the sun

Eu gosto do Chris Isaak, embora não seja fã ardoroso. Wicked Game está, para mim, entre as dez melhores baladas românticas já escritas e já serviu de trilha sonora para algumas das minhas dores-de-cotovelo. Mas sempre achei o Chris Isaak assim meio anos cinqüenta.

Também nunca gostei muito do rock de raíz. Curto alguma coisa do Elvis Presley e do Jerry Lee Lewis, mas nunca consegui ouvir um disco inteiro.

De repente, tudo fez sentido com o novo disco do Chris Isaak que vazou ontem e tem lançamento oficial para a próxima semana. O novo trabalho é um álbum duplo com 25 regravações que homenageiam os artistas que começaram a carreira no famoso Sun Studio de Memphis no início dos anos 50 - daí o nome Beyond the Sun. As músicas de Elvis Presley, Roy Orbison, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Carl Perkins - os pais do rockabilly - parece que caem feito uma luva na voz de Chris Isaak.

E, confirmando minha teoria, o Chris Isaak parece estar muito à vontade nos anos 50, passeando com desenvoltura nesta seara onde o rock anda de braços dados com o country. Passei a manhã toda ouvindo e chego ao final do dia gostando um pouco mais do Chris Isaak e do rock caipira americano.

Chris Isaak - Can't Help Falling In Love:


Chris Isaak - I Walk The Line:




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Questão de pele

Eu era assim...
Quem assistiu aos intervalos comerciais do Jornal Nacional de hoje deve ter reparado que a propaganda da Caixa Econômica mostrando o Machado de Assis foi refeita para ser fiel à realidade e mostrar o escritor como o mulato que ele sempre foi.

Acho muito positivo que uma questão que pode ser tão sensível para muita gente seja corrigida assim de forma tão rápida. O equilíbrio entre licença criativa e verdade história tem que ser especialmente cuidadoso nas questões mais sensíveis.

E fiquei assim...
Nos Estados Unidos no momento discute-se até que ponto o diretor Clint Eastwood vai permitir que o poderoso diretor da CIA Edgar Hoover, interpretado por Leonardo DiCaprio no filme J. Edgar a ser lançado em 9 de novembro, seja mostrado como o homossexual que seus amigos mais íntimos conheciam.

(Os vídeos com a versão antiga e a nova do comercial da Caixa Econômica podem ser vistos aqui).


Vamos voltar juntos?

Daniel Ribeiro, idealizador e diretor do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, recebeu ontem no País de Gales o prêmio máximo do Iris Prize Festival. Uma das particularidades interessantes deste festival de curtas GLBT realizado em Cardiff é que o público é quem sai ganhando: o vencedor leva o prêmio de 25 mil libras esterlinas para realizar um outro curta na Inglaterra. Isto garante que logo poderemos conhecer outro projeto do Daniel Ribeiro.

Eu Não Quero Voltar Sozinho é realmente emocionante. O trio de atores adolescentes é muito bom, e o filme foi realizado com sensibilidade. O próprio Daniel Ribeiro disponibilizou em janeiro o vídeo no YouTube, onde já conta com mais de 700 mil acessos. Vale muito a pena dedicar 17 minutos do seu tempo para ver ou rever esta história.

domingo, 9 de outubro de 2011

A hora do espanto

Eu sempre gostei muito da versão original de A Hora do Espanto, de 1985, com a história do adolescente que descobre que um vampiro acaba de se mudar para a casa ao lado. E ninguém acredita nele, obviamente. No final, para exterminar o monstro, ele busca a ajuda de um apresentador de TV decadente que apresentava programas de terror em um horário de baixa audiência na madrugada. O filme tinha Chris Sarandon esbanjando charme e sedução no papel do vampiro e a graça de Roddy McDowell fazendo o apresentador de TV decadente Peter Vincent, e acabou se tornando cult na subdivisão de filmes de adolescentes contra vampiros, ao lado do também ótimo Garotos Perdidos (de 1987).

A Hora do Espanto original continua bom. Os vampiros e os efeitos especiais continuam assustadores. Quem envelheceu mal foram os adolescentes. Os cortes de cabelos repicados, as vozinhas chatinhas, as ombreiras - as cenas com os adolescentes ficaram com um carimbo de "anos 80" em cima que tira um pouco do foco do terror.

A nova versão (Fright Night, 2011) trouxe a história para os tempos atuais e as sutilezas foram abandonadas em nome de sinais mais claros. O vampiro (Colin Farrell) não tem a sedução tênue do original - agora ele é despudoradamente cafajeste. Os efeitos foram modernizados para incluir muito, muito sangue, corpos explodindo sob a luz do sol, braços arrancados, cabeças cortadas, estacas que atravessam corpos - tudo que um filme de vampiros tem direito. Em um determinado momento tem até uma piada com Crepúsculo, o filme de vampiros assépticos.

Outra grande sacada da nova versão é o personagem Peter Vincent. Agora ele veste calça de couro justa, tem um monte de tatuagens fake, cabelo e bigodes falsos, e apresenta um show de horror em Las Vegas - uma daquelas coisas cafonas tipo Siegfried & Roy, e vai ser obrigado a descer do salto quando perceber que a coisa agora é pra valer. E para coroar o elenco temos a sempre ótima Toni Collette, que traz dignidade para qualquer papel, até mesmo o da mãe de um adolescente caça-vampiros.

Filmes de vampiros não são para qualquer um. Mas quem curte o gênero não vai se decepcionar nem um pouco. Eu adoro na mesma proporção que morro de medo. Levei muitos sustos, cheguei a derrubar a pipoca, e hoje provavelmente vou dormir com a luz acesa. Não poderia ter sido mais divertido.

From Bulgaria with love

A família Rousseff não é o único produto de exportação da Bulgária. No legado que o país vai deixar para o mundo está também Azis, que é cantor pop / político / drag queen / urso / personalidade da mídia / semi-finalista do concurso Eurovision 2006. Ele tem mais barras do que Barbra Streisand na indicação de ocupação.

Considerando-se que a Bulgária tem pouco mais do que sete milhões de habitantes, não seria muita surpresa descobrir que Dilma Rousseff e Azis são primos distantes. Esta semana ele lançou sua nova música,  Hop, que já deve estar no iPod da presidenta para colocar no último volume durante os intermináveis e chatérrimos discursos de políticos nas cerimônias de inaugurações.




sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A idade da histeria coletiva


Não é um barato ver esta histeria coletiva adolescente em torno do Justin Bieber? Gente desmaiando, gritando até engasgar, desfalecendo de paixão. Os adolescentes são capazes de paixões obsessivas e ardentes que têm uma força impossível de se medir. É uma fase necessária da vida, quando a razão e a lógica ainda não estão completamente desenvolvidas. Muita gente olha e acha um absurdo. Esquece que já foi adolescente e que já cometeu todas as bizarrices típicas daquela idade.

Justin Bieber é um produto para adolescentes. Não há nada de errado nisto. Errado seria se eu, do alto da minha idade, estivesse me esgoelando histérico lá na primeira fila. Mais do que errado, seria deprimente. Justin Bieber é para meus sobrinhos de 10 a 15 anos, não para mim. Da mesma forma que seria muito estranho se meus sobrinhos de 10 a 15 anos estivessem super animados com o novo disco do Tony Bennett ou com um show da Omara Portuondo, como eu costumo ficar. Seria bom, mas seria estranho.

Sem noção

Eu já tinho lido muito a respeito da ministra Iriny Lopes, da pasta de Assuntos da Mulher, mas não tinha a menor ideia de que cara tinha a encrenca. Dei uma googlada hoje de manhã e levei um susto: gente, ela é o Laerte! Com todo o respeito, esta foto bem poderia ilustrar qualquer reportagem sobre transexuais.

Brincadeiras a parte, parece que a atribuição de defender a mulher lhe subiu a cabeça, e da pior forma. Depois de tirar o comercial da Gisele do ar, a ministra quer agora alterar os rumos da novela Fina Estampa porque acha que o personagem da Dira Paes é muito submissa. Ah, e ela quer também proibir o quadro de maior audiência do Zorra Total, aquele esquete com a travesti Valéria (o ótimo Rodrigo Sant'Anna).

Imagino que o próximo passo seja proibir os comerciais de produtos de limpeza (todos mostram só mulheres limpando as casas, são sexistas), os comerciais de cerveja (onde as mulheres são gostosas burras e os homens são só burros), as transmissões do futebol na quarta à noite (os times não permitem mulheres jogando, incentivando a discriminação), o banimento dos desfiles de escolas de samba (onde abundam as mulheres com pouca roupa, transformadas em objetos) e a transmissão de filmes de ação americanos onde as heroínas indefesas são salvas por brutamontes treinados em artes marciais (imagino que ela já deva estar preparando uma carta para o Obama pedindo o fechamento de Hollywood).

Ter uma ministra que mostra trabalho é ótimo. Ter uma ministra que não consegue distinguir realidade de ficção é péssimo. Ter uma ministra sem noção é o pior de tudo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reunião de mal-encarados

Imagine uma sala de cinema lotada de mal-encarados. Só dois assentos vagos. Você ficaria?

Este comercial da cerveja Carlsberg prova que mal-encarados podem ser bem-humorados. Boa sacada.

Steve Jobs 1955-2011


É comovente ver a consternação causada pela morte do Steve Jobs. A reação é típica da perda de celebridades do show business e incomum para um empresário da iniciativa privada. A capacidade da Apple de concretizar os projetos concebidos pela genialidade criativa de Steve Jobs conquistou fãs no mundo todo e o respeito e admiração de seus concorrentes. Não me lembro de outro empresário que tenha alçado esta posição.

Não é exagero dizer que Steve Jobs modificou o mundo. E eu acho admirável que ele tenha feito isto na iniciativa privada e não na política ou com dinheiro público. Entre suas frases mais significativas eu gosto muito de uma que ele disse ao responder uma pergunta sobre pesquisa de mercado: "O usuário não tem obrigação de saber o quê está precisando". Isto resume tudo. A engenhosidade de criar coisas que as pessoas estão precisando mas ainda não sabem que existem.

No começo do ano, em sua última aparição pública, Steve Jobs abriu a apresentação com uma frase bem-humorada do escritor Mark Twain "The reports of my death are greatly exaggerated". Ironicamente, a frase continua sendo verdade mesmo após sua morte. Steve Jobs vai continuar vivendo durante muito tempo por meio de seu legado de criações incríveis.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Who's bad?

Estreou ontem em Montreal o espetáculo THE IMMORTAL, do Cirque du Soleil, todo concebido tendo por base a música de Michael Jackson. Conhecendo-se a notória excelência do Cirque du Soleil e a diversidade de elementos evocados pela música do Rei do Pop, é possível antever que o espetáculo deve se tornar um grande e imperdível show que vai fazer história. A família de Michael Jackson assistiu ao espetáculo de ontem como convidados especiais. Uma turnê está programada para mais de 50 cidades dos Estados Unidos e Canadá, e depois talvez o restante do mundo. Eu quero!

Apesar de / por causa de

Há muito tempo eu não via uma declaração tão simples resumir tão bem um assunto tão complexo, e ao mesmo tempo acrescentar uma nova perspectiva para o tema. A declaração é do primeiro ministro britânico David Cameron, do Partido Conservador, que apóia a igualdade do casamento: "Eu não sou a favor do casamento gay APESAR DE ser Conservador; eu sou a favor do casamento gay POR CAUSA DE ser Conservador".

David Cameron já percebeu que o reconhecimento do casamento dos homossexuais solidifica a família e fortalece a sociedade. Afinal, o casamento é uma das instituições mais tradicionais de qualquer agrupamento social. Acho esta linha de raciocínio bastante inteligente, e deveria ser mais explorada nas campanhas em todo o mundo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amos Lee


Alguns cantores parecem ter a capacidade surreal de apertar um botão dentro da gente e transformar tudo. Eu me sinto assim quando escuto Amos Lee. A voz afinadíssima, a música sem pressa, e composições que vão se sucedendo e cada uma superando a anterior.

"You speak of love, but you ain't no lover...

You were a friend, more like a brother..."    assim começa a belíssima Careless, e é só fechar os olhos e se deixar levar nesta viagem.

Amos Lee - Careless:



Amos Lee é americano de Filadélfia, tem 33 anos, e formou-se em língua inglesa na Universidade da Carolina do Sul, o que ajuda a explicar a riqueza de suas composições. Tem 4 álbuns lançados no mercado - o primeiro em 2005 e o mais recente, Mission Bell, no início deste ano. Várias de suas músicas já serviram de trilha sonora para seriados americanos.





segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mostra a tua cara, covarde filho da puta!

Neste final de semana houve mais um ataque homofóbico covarde na região da Av. Paulista em São Paulo. Na reportagem abaixo, publicada pelo UOL, já é possível perceber uma significativa mudança de atitude. Marcos Paulo Villa, um dos agredidos, mostra a cara e chama os covardes filhos da puta a fazerem o mesmo.

Acabou o tempo de apanhar, voltar pra casa chorando, baixar a cabeça e se esconder de vergonha.  Se não lutarmos por nossos direitos, não é este congresso de meia-tigela que vai fazer isto por nós. Marcos Paulo Villa, achei linda sua atitude e espero que sirva de exemplo e inspiração para muita gente. Chegou a hora de levantar a cabeça, mostrar a cara e exigir justiça.

Encore!

Comprei sábado passado na Lojas Americanas por R$ 19,90. Acho que foi a melhor relação custo/benefício que já vi em um artigo que eu tenha comprado recentemente. O DVD reúne os mais de 30 números musicais da primeira temporada de Glee. Tem o icônico Don't Stop Believin' do episódio piloto, o tocante número com surdos cantando Imagine, os números do episódio especial da Madonna, e muitos, muitos outros.

Glee surgiu como uma grande sensação principalmente e primariamente pelos números musicais. A série tem a ótima sacada de reunir alunos que representam minorias oprimidas, porém as historinhas infantilizadas acabam cansando depois de um tempo. Mas os números musicais continuam interessantes e divertidos. A ideia de um DVD reunindo só os números musicais é realmente muito boa. De qualquer forma, se eu tivesse comprado o box com todos os episódios da temporada eu certamente ficaria trocando os discos e dando fast forward até a próxima música.

Olha o passarinho!


Enquanto no Brasil a cueca é utilizada como meio de transporte para dólares de corrupção, na Guiana Francesa serve para carregar pássaros silvestres contrabandeados. O passageiro holandês foi pego enquanto embarcava. No lugar de um "pinto" encontraram mais de dez "beija-flores" vivos e cuidadosamente acondicionados para a viagem. Imaginem se os bichinhos todos resolvessem bicar ao mesmo tempo.

domingo, 2 de outubro de 2011

Vai uma pizza?

Em português a gente chama de "gráfico de pizza", em inglês "gráfico de torta" (pie chart), e a verdade é que não existe melhor forma visual de representar valores de uma categoria estatística do que o gráfico setorial. Hoje não se passa um dia sem que uma nova sondagem seja publicada em forma de pizza sobre o que pensa ou quer a população.

A evolução dos costumes tem sido tão dinâmica que muitos países (como os Estados Unidos, por exemplo) já contam com mais de 50% de aceitação da igualdade no casamento. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, no Brasil a sociedade também está evoluindo. E logo todos os religiosos fundamentalistas de plantão vão ter que aguentar esta pizza goela abaixo . Isto se não quiserem que lhes seja enfiada pelo rabo (não! melhor não agradar esta gente).

A gravura do alto eu vi na página de um amigo canadense. O vídeo abaixo é parte da campanha da Austrália pela aprovação da igualdade no casamento. Vai uma pizza?

sábado, 1 de outubro de 2011

Calcinha exocet

Nunca na história deste país se falou tanto de calcinha e sutiã.







Fofulinha do papai


Esta gracinha tchuco-tchuco fofulinha do papai é Caspian Julius, nascido ontem, filho do deputado americano Jared Polis (do partido democrata pelo estado do Colorado) e do maridão Marlon Reis. O casal de pais deve estar todo derretido com esta coisinha tão fofa.

Taí um ponto onde ainda temos muito que evoluir aqui no Brasil. Embora os gays famosos assumidos comecem a mostrar a cara, quase não temos "casais gays famosos". Onde ficam os namorados, maridos e as esposas? Por que as cantoras de MPB lésbicas assumidas não chegam nos eventos de mãos dadas com as esposas? E os maridões dos escritores de novelas, será que ficam trancados em casa o tempo todo?

Enquanto isto, nos Estados Unidos os artistas gays agradecem seus cônjuges nas premiações públicas e fazem questão de serem fotografados com eles. Marlon Reis (de óculos na foto) comparece oficialmente como marido do deputado Jared Polis até mesmo nos eventos oficiais da Casa Branca. Esta foto de 2009 comprova, inclusive, que o presidente Obama não tem problema em se deixar fotografar com um casal gay. Obama sabe que gayzice não "pega" - coisa da qual os políticos brasileiros ainda não se convenceram.